Sem rasto de jovens brasileiras desaparecidas

Por Cascais24

29.05.2016


Vitimas de tráfico humano, que as mantém em cativeiro, sem acesso a contato com o exterior, ou, simplesmente, assassinadas, são os dois piores cenários para o misterioso desaparecimento de três jovens brasileiras, que viviam no concelho de Cascais e estão a ser procuradas pelas policias brasileira e portuguesa.


O desaparecimento voluntário das três é outra hipótese, em aberto, mas pouco provável, atendendo a que mantinham contatos regulares com as famílias, no Brasil, e deixaram de o fazer desde fevereiro último.


São elas as irmãs Michele Santana Ferreira, de 28 anos, e Lidiana Neves Santana, de 16, naturais de Campanário, no Vale do Rio Doce, do Estado de Minas Gerais, e uma amiga, Thayane Mila Mendes Dias, de 21 anos, do Estado do Espírito Santo.



As três partilhariam o mesmo apartamento, na freguesia de São Domingos de Rana, com outro cidadão brasileiro, companheiro de Michelle e do qual estava grávida de três meses. Este regressou ao Brasil, onde tem mulher e, confrontado, alegou que as três jovens tinham viajado para Londres, Inglaterra.


A verdade é que não há registo de saída das jovens do território português, nem da sua entrada no Reino Unido, segundo apurou, entretanto, a Interpol que, através do seu gabinete no Brasil, emitiu três difusões Amarelas.


Michele vivia em Portugal há oito anos e Lidiana, há três meses. Thayane, amiga de ambas, embarcou à meia noite do dia 28 de janeiro em Belo Horizonte e desembarcou em Lisboa no dia seguinte. Segundo a mãe, Tânia Maria Mendes, a filha viria trabalhar para uma creche. 


O Irmão de Michele e Lidiana, Vinicius Santana Ferreira contou ao jornal brasileiro “Diário de Rio Doce” que a última mensagem enviada pela irmã mais velha foi em 29 de janeiro. Áudios que eram gravados por ela e enviados para o grupo da família no WhatsApp deixaram de ocorrer. Contou ainda que o Facebook de sua irmã foi apagado. “Uma colega nossa hackeou o Facebook da Michele e viu que tudo dela estava apagado”. Segundo Vinicius, “a pessoa que apagou as informações estava em Conselheiro Pena”, no Brasil.
Vinicius Ferreira (Foto António Cota, Diário do Rio Doce)


Em declarações ao mesmo jornal, Vinicius revelou ainda que, “em outubro entraram na residência da Michele e roubaram os seus documentos e também os papéis que estava a tratar para casar.  Mas três dias depois desse fato, minha irmã foi agredida na rua por uma pessoa encapuzada, que não roubou nada dela. Uma amiga dela que mora em Portugal disse que Michele foi à delegacia e registrou um boletim. Segundo essa amiga, o delegado disse à Michele que quem roubou seus documentos seria uma pessoa conhecida que tinha acesso ao lugar.” 


A suspeita da família é que o companheiro de Michele na época, Dinai Alves Gomes, e que atualmente está no Brasil, sabe o que aconteceu. “Ele é o único que sabe o que aconteceu com as três. Mas como ele veio embora para o Brasil fica difícil para a polícia de lá trabalhar. No Brasil, o rapaz deu um depoimento em Belo Horizonte, na Polícia Federal, e ele disse que não sabia de nada e que elas estariam viajando. Viajando para onde? A Michele não deixaria nossa mãe sem notícias. A ligação que tinha com minha mãe era muito forte. Tem muita lacuna nesse caso. Queremos respostas sobre o desaparecimento delas”, afirmou Vinicius. 


Da mesma opinião partilha a mãe das duas irmãs, Solange Santana Leite, de 50 anos. Na esperança de ter alguma informação sobre as jovens, ela entrou em contato com o companheiro da filha mais velha, Michele. 
Solange, mãe das duas irmãs


“Ele disse que elas estavam bem e que iriam para Londres, que Michele tinha largado o emprego e saído do Facebook para não ser encontrada pela ex patroa. Mas eu desconfio dessa história. Elas não iriam para outro país sem me avisar. Elas estavam sempre em contato comigo”, revelou Solange aos jornais brasileiros. A mãe das duas jovens mineiras disse, ainda, que o companheiro da filha, poucos dias depois, voltou para Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, onde tem um filho com outra mulher. 


“Só ele sabe o que aconteceu com minhas filhas. Ele foi ouvido pela polícia (brasileira), mas não sei o que ele pode ter contado”, adiantou Solange, não sem sublinhar que “uma amiga contou que ele costumava ser agressivo com a Michele”.


“O pior é eu não saber se minhas filhas estão vivas ou mortas. O último contato que tive com elas foi em 28 de janeiro. Desde então, nada, nada, nada. Nenhuma notícia. É muita dor. A gente não sabe onde procurar, a polícia diz não ter novas notícias. Não sei se a causa delas está sendo abraçada pelas autoridades”, questionou a mãe das duas irmãs que, segundo ainda os jornais brasileiros, está a reunir dinheiro para viajar até Lisboa para procurar as filhas que, por coincidência ou não, deixaram de contatar a família pouco tempo depois da chegada, a Portugal, da amiga Thayane.

 

Comentários