Câmara de Sintra anuncia mas não esclarece como foi feita remoção de produtos tóxicos de antiga fábrica da Herbex

Por LUÍS CURADO e VALDEMAR PINHEIRO

25.01.2017


Mais de dez dias depois de a limpeza da antiga fábrica de agroquímicos Herbex, em Manique de Cima, ter sido concluída, a Câmara Municipal de Sintra (CMS) revelou no seu site na Internet alguns pormenores sobre a operação. Após reiterados pedidos de resposta a várias questões levantadas por Cascais24, a autarquia acabou por responder de forma indireta a poucas delas. Uma situação que se estranha, atendendo a que foi este ORGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL que alertou para os produtos tóxicos e inflamáveis que se encontravam abandonados há mais de uma década nas antigas instalações fabris, localizadas na avenida Pedro Álvares Cabral, que liga o Linhó a Manique de Cima, no concelho de Sintra.



Comunicado oficial publicado no site da Câmara Municipal de Sintra
Apesar dos esclarecimentos feitos no site da autarquia, nomeadamente a quantidade de resíduos não tóxicos (780 toneladas) retirados da antiga fábrica e o valor despendido (28 mil euros), há questões importantes colocadas por Cascais24 que não foram esclarecidas, nomeadamente o que a Câmara de Sintra pretende fazer para recuperar a verba despendida para limpar um terreno particular, cujos proprietários estão identificados e contactáveis.



Cascais24 sabe que a Câmara Municipal de Sintra levantou no passado processos de contraordenação pelo facto de não terem sido removidos os produtos tóxicos existentes dentro da propriedade. Processos de contraordenação enviados a um arguido identificado: Telha Verde - Compra e Venda de Propriedades SA, empresa imobiliária proprietária dos terrenos. Em caso de incumprimento, a Câmara de Sintra poderia recorrer à execução da limpeza coerciva, para o que poderia avançar com a Posse Administrativa do Imóvel. A autarquia não chegou a esclarecer se esta possibilidade foi posta em prática.



Ficámos também sem saber qual a quantidade de resíduos tóxicos retirados do local, apesar de a autarquia ter divulgado que procedeu à “necessária avaliação e estimativa de quantidades e tipologia dos resíduos”. 

Também não foi divulgado qual o destino final dado aos produtos tóxicos perigosos, apesar de a CMS ter assinalado terem sido "transportados por um operador de gestão licenciado para um destino adequado a esta tipologia de resíduos”. Qual o nome da unidade que rececionou os resíduos? Onde está instalada?



Refere ainda a Câmara Municipal de Sintra, que “a intervenção foi realizada de acordo com os requisitos técnicos e legais em vigor”. Cascais24 pôde constatar que trabalhadores que participaram na operação não estavam protegidos com o equipamento mais adequado e, pelo menos, um deles chegou a tomar refeições no local, ignorando o risco que enfrentava.  

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